O que um candidato sem experiência deve colocar no
currículo? É preciso "enchê-lo" com as suas habilidades e dizer o que
quer aprender? Essas são algumas das dúvidas de quem está em busca da primeira
oportunidade no mercado de trabalho.
“Quando o recrutador vê a idade no currículo já imagina que
o candidato não tem experiência, e isso não é visto como um problema. Ele deve
sempre colocar em destaque o que tem de melhor: a formação escolar, um idioma,
voluntariado e até uma experiência profissional fora do mercado formal”,
orienta Flávia Mentone, gerente de diversidade e gestão de pessoas da
Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo de São
Paulo.
Conhecimentos em idiomas, informática e cursos
extracurriculares ou profissionalizantes ajudam a compor a lista de habilidades
que podem ser apresentadas. De acordo com Dorileia Almeida, gerente da filial
de Recife da Gi Group Brasil, empresa internacional de recursos humanos, o
candidato pode destacar alguma característica que tenha relação com a vaga. “É
interessante indicar se ele possui algum conhecimento específico do cargo para
qual está concorrendo, assim como sinalizar se possui vivência em alguma
atividade específica”, diz.
'Bico' é válido
Flávia diz que os recrutadores valorizam os "bicos" já feitos por
quem está começando. Vale citar no currículo trabalhos em uma empresa familiar,
em organização de pequenos eventos e até um trabalho temporário.
Segundo as especialistas, candidatos que fizeram
voluntariado e intercâmbio devem informar as experiências. Elas contam muitos
pontos, porque mostram que o futuro funcionário gosta de aprender e de
participar de diferentes projetos.
Projeto de iniciação científica, trabalhos de conclusão de
curso (TCC) e atuação em empresa júnior da faculdade também podem ser
mencionados.
Nota não precisa
Por outro lado, notas obtidas na escola ou na faculdade não devem entrar no
documento, a não ser que a vaga seja acadêmica. “Caso o candidato alcance algum
mérito acadêmico e considere importante incluí-lo em seu currículo, não vejo
problemas, mas é importante utilizar o bom senso e não 'copiar' o seu histórico
escolar para o currículo”, afirma Dorileia, da Gi Group Brasil.
O candidato deve sempre ficar atento ao tamanho do currículo
e deve tomar cuidado para não colocar informações desnecessárias. “O recrutador
tem uma pilha de currículos na mesa e os muito longos mal são vistos”, ressalta
Flávia.
O ideal é evitar escrever habilidades genéricas, como
proatividade e criatividade, e destacar os conhecimentos técnicos e habilidades
adquiridas em cursos.
Veja passo a passo para montar o currículo para 1º
emprego:
|
1) Dados pessoais
Informações que devem constar no início do currículo: nome completo, idade, estado civil, endereço, cidade, região, telefone (celular, residencial ou para recados) e e-mail. |
2) Objetivo
Candidato pode listar o cargo de interesse. Caso ele não tenha uma posição específica, pode citar a área de atuação, como logística, administrativa, entre outras. |
3) Formação acadêmica
Deve ser informado o último grau de escolaridade, ou seja, quem não tem nível superior deve citar o nível médio, e assim por diante. A descrição deve ter o nome da instituição, curso e ano de conclusão ou previsão de término. |
4) Idiomas, informática e outros cursos
Como o candidato não possui experiência, ele deve mostrar que tem outras habilidades que poderão ser utilizadas no emprego. |
5) Voluntariado e outras experiências
As experiências no mercado informal são válidas e podem ser citadas. O voluntariado é muito valorizado pelas empresas. |
6) O que não colocar
- Foto (só quando o empregador solicitar) - Número de documentos - Título “currículo vitae” ou “currículo” - Nome de pais, marido ou esposa e filhos - Referências pessoais (contatos de pessoas que podem falar sobre o profissional não devem ser indicados) - Pretensão salarial - Cartas de referência - Certificados de cursos realizados - Data e assinatura - Habilidades genéricas, como proatividade e criatividade |
Objetivo
Flávia, da Secretaria do Trabalho de São Paulo, lembra que mesmo sendo um
currículo para o primeiro emprego, o candidato não deve ser muito genérico. Não
vale, por exemplo, escrever que quer apenas uma colocação profissional ou um
emprego. “É importante colocar o cargo ou o objetivo, pois quando o recrutador
ler o currículo ele vai ver que a pessoa sabe o que quer. E na entrevista, o
candidato pode falar que tem interesse em aprender e de se desenvolver.”
“É primordial que o objetivo esteja explícito com o intuito
de minimizar abordagens desnecessárias. É válido pontuar para quais cargos ou
funções específicas o candidato tem interesse”, afirma Dorileia. É possível,
por exemplo, dizer que quer atuar na área administrativa.
Para os candidatos que querem falar o quanto desejam
aprender, Flávia indica que isso seja informado no corpo do e-mail, quando o
currículo é enviado pela internet, ou durante a entrevista. Segundo ela, não
vale colocar essa informação junto com o objetivo ou como um parágrafo solto no
meio do documento.
Fuja das gafes
Segundo Dorileia, erros gramaticais, informações incoerentes, como nível de
inglês desatualizado, formação acadêmica com informações incorretas e omissão
de dados que impossibilitam o contato com o candidato estão entre os principais
erros cometidos por candidatos que estão em busca do primeiro emprego.
Flávia também lembra que alguns candidatos "jogam
contra", informando as habilidades que não possuem em vez de valorizar
seus pontos positivos. “Se ele não tiver determinada experiência não precisa
colocar que não tem. Ele não deve falar mal de si mesmo.”
Currículos com letras ou fundo coloridos e com desenhos não
são considerados inovadores e não são bem vistos pelos recrutadores. A opção
mais segura ainda é apostar no padrão tradicional.
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