Profissões que vão ganhar destaque
As demandas do mercado
de trabalho evoluem no mesmo ritmo em que a sociedade e a economia.
E, muitas profissões e
carreiras que serão destaque
daqui a 10 anos estão intimamente ligadas às tendências econômicas e sociais
projetadas por especialistas e estudiosos.
De acordo com a economista e professora da Faculdade de Economia e
Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Renata Spers, que
coordenou a pesquisa “Carreiras do Futuro”, realizada por meio do Programa de
Estudos do Futuro (Profuturo) da Fundação Instituto de Administração (FIA), sustentabilidade,
inovação, preocupação com a qualidade de vida e aumento da expectativa de vida
da população são as principais macrotendências identificadas. Por isso muitas
das “profissões do futuro” são ligadas a estes temas.
Além da professora da FEA-USP, EXAME.com consultou também 6
especialistas em recrutamento para elaborar a lista com as 20 profissões que
você confere a seguir e que serão destaque no mercado de trabalho do
Brasil.
1.
Gestor de ecorrelações
Sustentabilidade é a palavra de ordem para o profissional de
ecorrelações, boa oportunidade de trabalho para quem reúne conhecimento técnico
ambiental (engenharia ambiental), de legislação do tema (direito ambiental) e
também é bom em comunicação.
“É um profissional que vai se comunicar com grupos de consumidores,
órgãos governamentais e outras empresas. É a pessoa que vai fazer o meio de
campo entre a empresa e os diversos stakeholders em temas relacionados a
sustentabilidade”, explica a professora Renata Spers.
“O profissional de sustentabilidade fica dentro da empresa e está em
diálogo constante com os engenheiros ambientais, que são os profissionais que
vão, efetivamente, a campo”, diz Rodrigo Vianna diretor executivo da Talenses.
2. Gestor de resíduos
Outra
profissão intimamente ligada à questão ambiental é gestão de resíduos. “A
produção do lixo pela indústria, que ganha o foco da mídia e da opinião
pública, alinhada às políticas de governança gera demanda por este tipo de
profissional”, diz Lucas Ribas, diretor da Asap em Minas Gerais.
Direcionamento
correto para os resíduos e a transformação do lixo em fonte de renda são as
atividades primordiais do profissional. “É pensar não só em reciclar mas também
em diminuir a produção e o impacto dos resíduos”, lembra Sócrates Mello,
diretor de operações da Robert Half no Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A formação
do gestor de resíduos vai depender do tipo de indústria. Engenharia ambiental,
engenharia química, biologia são algumas das áreas de formação adequadas para
quem deseja seguir neste ramo, de acordo com Ribas.
3. Engenheiro ambiental
Se hoje já
uma profissão em alta, a engenharia ambiental deve se firmar com uma das
carreiras do futuro, de acordo com grande parte dos especialistas consultados.
“A questão
da preocupação com o impacto no meio ambiente, tanto no setor da construção
civil, como no setor industrial faz com que sejam necessários profissionais com
conhecimento na área ambiental”, diz Rodrigo Vianna, da Talenses.Jacqueline
Resch, da Resch Recursos Humanos, concorda. “A área ambiental é uma das que a
gente tem certeza que vai crescer”, diz.
Plinio de
Cerqueira Leite, da CL Executive Search & Interim Management, engrossa o
coro: “sustentabilidade e meio ambiente são mandatários, não há dúvida que é
tendência até por uma questão de racionalização de custos, que está dentro do
tema sustentabilidade”, explica.
4. Engenheiro civil
Os
investimentos na infraestrutura devem continuar, o que torna os engenheiros
civis profissionais de destaque também nos próximos 10 ou 15 anos. “A demanda
vai continuar, não vimos investimentos para Copa do Mundo no volume e
quantidade necessários”, diz Lucas Ribas, da Asap. Portos, aeroportos, estradas
e linhas férreas respondem pela grande necessidade destes profissionais,
segundo o especialista.
“A
infraestrutura é o que torna o país mais competitivo, sem ela tudo acontece de
maneira mais lenta. Por mais que já se invista hoje, a necessidade continua e
traz oportunidades para engenheiros de grandes obras”, diz Juliano Ballarotti,
diretor da Hays em São Paulo.
Posições
da área técnica voltadas para infraestrutura também são a aposta de Sócrates
Mello, da Robert Half. “Buscam-se profissionais para a área de grandes
construções”, diz ele, projetando que a demanda siga forte nesta área. “É uma
profissão clássica que deve continuar forte”, diz Plínio de Cerqueira Leite, da
CL Executive Search & Interim Management.
5. Engenheiro de petróleo e gás
Outra área
da engenharia que tem tido mais demanda e deve se destacar mais ainda no futuro
próximo é o setor de petróleo e gás, de acordo com Jacqueline Resch.
A busca
por técnicas mais eficientes de extração é um dos motivos que fazem com que
engenheiros sejam cada vez mais necessários no setor de energia, destaca
Sócrates Mello, da Robert Half.
“A energia
é um dos recursos mais importantes de um país e o Brasil tem se desenvolvido
nesta área. Tem o pré-sal e já começam a surgir novas tecnologias para extrair
gás de formações rochosas”, diz Juliano Ballarotti, da Hays. A falta de engenheiros,
aliás, faz com que muitos projetos continuem no papel, de acordo com ele.
6. Engenheiro hospitalar
Engenheiros
com conhecimentos técnicos para lidar com equipamentos hospitalares de alta
tecnologia têm tudo para se destacar em alguns anos, segundo Rodrigo Vianna, da
Talenses.
“É uma
oportunidade para o engenheiro de formação especializado em equipamentos
hospitalares”, diz. A preocupação de grandes hospitais em oferecer a melhor
estrutura a médicos e pacientes tem puxado os investimentos e deve abrir mais
oportunidades para quem se interessa pelo setor.
“É um
profissional que deve estar antenado com tendências, visitando hospitais no
exterior para conhecer as novas tecnologias”, diz Vianna.
7. Bioinformacionista
Profissionais
que mesclem informação genética e a elaboração de remédios são tendência no
futuro, de acordo com a professora Renata Spers da FEA-USP que coordenou a
pesquisa do Profuturo. “É um cientista que trabalha com informação genética
fazendo a ponte entre técnicas clínicas e desenvolvimento de medicamentos”,
explica.
“É uma
profissão ligada à inovação e também à macrotendência de envelhecimento da
população”, diz Renata.Formação em medicina e especialização em farmácia ou
graduação em farmácia e pós em medicina são as combinações de estudos adequadas
para o exercício desta profissão, sugere Renata.
Pesquisa e
desenvolvimento na área de biotecnologia é também uma das apostas de Rodrigo
Vianna, da Talenses. “O Brasil tem hoje um celeiro grande de profissionais na
área farmacêutica, mas está havendo uma migração para a área de negócios
ligados a biotecnologia”, explica.
8. Técnico em telemedicina
A busca
pela inovação e o aumento da expectativa de vida da população trarão destaque
aos profissionais da telemedicina. “É uma pessoa que é parte de uma equipe que
oferece diagnóstico e tratamento para os habitantes de áreas mais remotas”, diz
a professora Renata Spers.
Alternativa
para carência de profissionais de saúde em áreas mais remotas do Brasil, a
telemedicina permite que pessoas tenham acesso a diagnósticos sem estarem no
mesmo local que a equipe médica.
9. Conselheiro de aposentadoria
Se a
expectativa é que as pessoas vivam mais, esta é outra profissão deve se
destacar a partir desta macrotendência, segundo a professora Renata Spers.
O conselheiro
de aposentadoria é um profissional com habilidades de contabilidade, finanças e
de gestão de carreira, de acordo com ela. “É responsável por ajudar a planejar
a aposentadoria, do ponto de vista financeiro, de plano de saúde e também faz o
planejamento de uma segunda carreira já que as pessoas estão vivendo mais”, diz
Renata.
Formação
em administração, contabilidade, economia e especialização em gestão de
carreira são boas maneiras de se preparar para esta demanda, segundo ela.
10. Gestor de qualidade de vida
Mapear
riscos de problemas de saúde que colaboradores podem desenvolver e melhorar as
condições do ambiente de trabalho -promovendo a busca pelo equilíbrio entre a
vida pessoal e profissional - é função do gestor de qualidade de vida, uma das
profissões do futuro, de acordo com Rodrigo Vianna, diretor-executivo da
Talenses.
“Já existe
esta preocupação dos profissionais de recursos humanos com a qualidade de vida,
mas no futuro haverá mais investimento nisso por parte das empresas”, diz ele.
A formação
acadêmica, de acordo com Vianna, pode ser abrangente, porque o que vai fazer a
diferença na hora de garantir uma oportunidade como gestor de qualidade de vida
é a experiência prévia no setor de recursos humanos.
11. Coordenador de desenvolvimento da
força de trabalho
A educação
continuada é o foco deste profissional do futuro. “É alguém que indica cursos,
faz o aconselhamento na formação dos funcionários, tanto na parte formal quanto
na parte complementar, sugerindo leituras e viagens também”, explica Renata
Spers.
De acordo
com ela, as organizações já percebem a importância de seus colaboradores se
aprimorarem e percebem que a educação continuada é o caminho. De acordo com a
professora é uma boa oportunidade para formados em psicologia e que tenham
especialização em administração com ênfase em gestão de pessoas.
12. Gestor de treinamento de varejo
A questão
do treinamento de funcionários é uma das grandes tendências das redes de
Varejo, segundo Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page.
“O
objetivo é padronizar o atendimento para que o consumidor entenda que a loja é
a mesma seja onde ele estiver e que, portanto, vai encontrar o mesmo padrão de
produto também”, explica.
De acordo
com ele, o profissional deve entender as características locais para decidir a
respeito das adaptações necessárias. Neste caso, a experiência no setor conta
mais pontos do que a formação acadêmica do profissional.
13. Gestor de operações e logística
Investimentos
em rodovias, portos, aeroportos puxam a demanda por profissionais da área de
logística, de acordo com Juliano Ballarotti, diretor da Hays em São Paulo.
“Hoje, por exemplo, você tem um porto e uma rodovia, mas, com mais investimento
em infraestrutura, a complexidade aumenta”, explica o especialista. Por isso, a
tendência é que a área de operações e logística ganhe destaque e abram-se novas
oportunidades no ramo.
14. Gestor de inovação
Assim como
hoje existe um departamento financeiro, um jurídico e um de recursos humanos,
para um futuro próximo há quem projete um departamento de inovação dentro de
grande parte das organizações.
A área de
inovação já existe mas , via de regra, é vinculada ao departamento de marketing
sob o guarda-chuva de processos, desenvolvimento e produtos como lembra Rodrigo
Vianna, da Talenses.
Nesse
cenário projetado pelos especialistas, de mais autonomia e investimento na
área, a figura do gestor de inovação ganha força. “É um profissional com a
responsabilidade de integrar a inovação em diversas áreas da empresa”, diz a
professora Renata Spers. Com papel articulador, o gestor de inovação busca
novas formas de fazer as coisas, promovendo redução de custos e tornando
processos mais eficientes.
Formação
em marketing e especialização em pesquisa de mercado, por enquanto, são as
recomendações de estudo dadas pelos especialistas consultados.
15. Gestor de marketing para
e-commerce
Dificuldades
de deslocamento em grandes cidades e o investimento em segurança nas transações
comerciais pela internet turbinam o mercado de e-commerce. Com isso, surgem
boas oportunidades na área de marketing deste setor. “É uma profissão que não é
novidade, mas vai crescer ainda mais”, diz a professora Renata Spers.
“As
empresas de varejo estão investindo em e-commerce e o número de compras está
crescendo muito”, destaca Lucas Ribas, diretor da Asap em Minas Gerais. Por
isso, profissionais que contribuam para que a empresa garanta um melhor
posicionamento no segmento de comércio eletrônico tendem a ser mais
valorizados.
16. Gestor de comunidade
Fazer a
comunicação com consumidores em redes sociais, fóruns e blogs, verificar o
posicionamento da marca, monitorar a concorrência, além de identificar as
oportunidades de negócio, são funções do gestor de comunidade.
“Ele
verifica também tendências de consumo que surgem na rede e evita que críticas
tomem proporções maiores”, diz Ricardo Basaglia, da Michael Page. O cargo já
existe mas deve ganhar destaque nos próximos anos, segundo projeção do
especialista.
17. Especialista em cloud computing
A
armazenagem de dados em nuvem é uma das áreas apontadas pelos especialistas que
também devem trazer boas oportunidades para os profissionais de tecnologia da
informação nos próximos anos, segundo Rodrigo Vianna, da Talenses.
“Há a
questão da exigência global por agilidade. O mundo é móvel, as informações não
precisam mais ser armazenadas no hardware, hoje é possível acessar qualquer
tipo de informação de qualquer lugar”, explica o especialista.
18. Gestor de big data
Não é
novidade que as empresas estão buscando formas de lidar com o volume de
informações (big data) que hoje circula pela internet. Por isso, uma das
profissões que devem ganhar destaque no Brasil nos próximos anos, segundo
Ricardo Basaglia, é a gestão de big data.
“O gestor
de big data deve entender a questão técnica de armazenagem de dados e também
identificar e analisar o conteúdo das informações, direcionando para diferentes
departamentos da empresa”, diz Basaglia. Segundo ele, são poucas as empresas
que tem uma pessoa assim trabalhando hoje. “Geralmente estas funções são
dividas entre três ou mais pessoas”, explica.
Matemática,
estatística e tecnologia são as áreas de formação mais adequadas para quem
pretende seguir nesta profissão do futuro.
19. Advogado societário
Especialização
em operações de fusões e aquisições é uma boa oportunidade para os advogados,
segundo Lucas Ribas, diretor da Asap em Minas Gerais. “Em 2012, foram 640
transações entre fusões e aquisições,um recorde para o Brasil. Neste ano houve
uma desaceleração, mas é pontual e deve voltar a crescer”, diz Ribas.
Quem tem
interesse na área, diz Ribas, deve estar em dia com termos técnicos em inglês.
“ Os melhores cursos estão na Inglaterra e nos Estados Unidos então o
profissional precisa conhecer bem o inglês jurídico”, explica.
20. Advogado tributário
Uma das
posições mais difíceis de se preencher tem sido a de advogado tributário,
segundo o diretor da Asap, em Minas Gerais.
“O Brasil tem legislação e carga tributárias complexas, e as empresas, hoje, querem mitigar custos”, diz Lucas Ribas.
“O Brasil tem legislação e carga tributárias complexas, e as empresas, hoje, querem mitigar custos”, diz Lucas Ribas.
E na hora
de encontrar meios para conseguir ganhos através de um planejamento tributário,
o profissional de direito tributário e formação contábil ganha viés
estratégico. Segundo ele, o destaque para os profissionais da área deve
continuar nos próximos anos. “O Brasil vai conviver com esta carga tributária
complexa durante muitos anos ainda”, diz.
Fonte: http://exame.abril.com.br
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